Semelhanças e afinidades
Há duas semanas, bandos “democratas” de torcedores organizados dos times de futebol de São Paulo vestiram preto como cor preferencial, ergueram os punhos fechados à mma e foram à luta. O palco da guerra, a Avenida Paulista, estava parcialmente ocupada pelos “fascistas”.
O comando de defesa da democracia, como autoproclamado e tratado pela grande mídia, estava armado de seus melhores argumentos – paus, pedras e artigos para fogueira, E não titubeou. Foi pra cima da polícia, tentando chegar ao inimigo. Destruiu e queimou o que encontrou no caminho, em eloquente demonstração da tolerância que os guia. Com um porrete na mão e uma palavra de ordem na boca, não são mesmo umas gracinhas, Hebe?
O xerifão companheiro do velho juiz de merda nada viu demais nisso tudo. Nem moveu um nervo do mussolíneo rosto. Em São Paulo, até a guarda civil metropolitana sabe quem são os organizadores e financiadores dos bandos ditos de torcedores, na verdade formados por arruaceiros e criminosos.
Se a polícia municipal nada faz contra eles é porque se borra de medo dos marginais e de suas ramificações nos presídios. Como conhece de perto seus bons clientes, não é com eles que o acusador-investigador-punidor da nossa peculiar justiça se preocupa. Daí também a inércia da banda dominada da Polícia Federal, aquela que não se submete a interferências.
Os olhos argutos do pau mandado do advogado do PT, hoje presidente do stf (quem diria!), estão voltados para o outro lado. O lado amarelo. Para o esperto Xandão, é ali que mora o perigo. Parecem grupos familiares, incluídas as crianças e os não esquecidos velhinhos, em inocente convescote na via pública. Mas o solerte policial não se deixa enganar, pois sabe tudo de bandidagem.
Sabe que aquela turma apenas disfarça malignas intenções. É certo que ninguém agridem, nada destroem, mas querem acabar com a corte dos impolutos Gilmar e Lewandowski e com o parlamento do Botafogo e de outras dezenas de sobreviventes da lava jato. Vejam só!
Legislativo e Judiciário, principalmente na figura dos que mais os emporcalham não podem ser criticados por ninguém. Já no outro poder constitucional, o Executivo do presidente democraticamente eleito e do ministério legitimamente escalado, nesse podem bater à vontade.
Sintam-se liberados milicianos encapuzados, grande mídia marrom empulhadora, blogs e publicações nanicas movidas a pixulecos, esquerda rouanete festiva e, sempre, instituições da sociedade civil aparelhadas política e ideologicamente. É preciso dar nome ao gado, Santa Cruz?
A parcialidade de toda essa gente é tão grande que os fogos lançados sobre um supremo preenchido pela ausência de Fachins e Carmem Lúcias escandalizaram nossos democratas impressos, televisivos e judiciais. Os mesmos que ignoraram a retirada do mastro e a queima da bandeira brasileira, naquela noite, em Curitiba, por rapazes civilizados. Como ninguém é de ferro, não se pode condenar que eles tenham aproveitado o embalo para também abater vitrinas suspeitas de atentar contra as liberdades.
Nesse caso, o advogado do pcc, hoje inquisidor mór do tribunal que consagra Celso de M…, é um magistrado compreensivo. Entende a fúria da rapaziada e acha legal o hackeamento de autoridades, sem temer a volta do cipó de arueira e do pau que bate em Chico.
É implacável, porém, com a privacidade e a inviolabilidade de deputados e senadores com mandato popular. Acha que o xamego do Temer que o nomeou é tão representativo quanto o voto de milhares de brasileiros. Pois, sim! – dizia a Bela (e sábia) Dolores.
Será que temos de nos orgulhar do Darth Vader feito black bloc desgarrado que estraçalha a democracia para alegadamente salvá-la?