Doze deuses habitavam o Olimpo grego. O nosso tem onze
Não se sabe de que escritura consta que nosso triste stf é um olimpo. Se o disparate existe, só pode ser em bíblia apócrifa. Mas os companheiros de Toffoli não só teriam lido tal heresia, como acreditam nela. Julgam-se os próprios deuses. Acham-se infalíveis, posto que situados acima dos cidadãos comuns, blindados de críticas, mesmo de meras discordâncias.
Nas últimas semanas, pela voz excessiva e enfadonha do insignificante Celso de Mello (quem te conhece que te avalie, não é Saulo Ramos?) e pelos arroubos de Alexandre de Moraes (teu passado te condena), a corte deu de afrontar o executivo. Não só desautoriza decisões de atribuição constitucional do governo federal, como decide investigar arbitrariamente o presidente e seus auxiliares.
Os “crimes”, cuja procura é suscitada por denúncias não sustentadas, típicas do jogo da oposição, mas que são acolhidas pelo tribunal em céleres decisões monocráticas, não valem o tempo gasto por essa estrutura caríssima e perdulária sustentada pelo contribuinte. Na maioria, de acordo com a própria justificativa do relator do processo, é tentativa de atropelar a lei e criminalizar opinião.
Diante da confrontação descabida, nem é preciso questionar que propósito anima o judiciário. Sem a menor dúvida, as togas afinal unem-se à resistência desatinada, à negação do resultado de uma eleição legítima e à não dissimulada tentativa de golpe político. Há clara busca da ruptura institucional, desatenta às consequências que pode causar ao país, já tão devastado pela corrupção e, no momento, pela pandemia.
Tal destemor dos ministros só pode basear-se na crença da força de uma oposição barulhenta mas pouco efetiva, na sensação de enfraquecimento do presidente (transmitida pelos mesmos institutos de pesquisa que, no segundo turno de 2018, previram a vitória petista) e, acima de tudo, no poder da grande mídia, TV Globo à frente.
Tenho a impressão de que nunca, pelo menos a partir do momento em que as sessões da corte passaram a receber cobertura mais intensa da televisão, notadamente desde o julgamento do mensalão de Lula, nunca tivemos um STF tão medíocre, no pior sentido. Um a um, a começar do lamentável decano, nenhum de seus onze integrantes deixará o nome marcado de forma positiva na história da magistratura nacional.
São todos a face tenebrosa de seus criadores, aqueles presidentes que os nomearam e cujos governos conseguiram a façanha de destruir em três décadas os sonhos inspirados pela redemocratização do país.