A maior torcida do país

O Peixe do bi mundial contra o Milan

No post de um blog santista, há referência a uma pesquisa nacional, feita pelo jornal carioca O Globo no início de 1969, para medir a paixão do torcedor brasileiro pelos seus times de futebol. Naquele ano, o Santos conquistaria o tricampeonato paulista, a Supercopa Mundial diante da Internazionale de Milão e Pelé comemoraria seu milésimo gol, em novembro. A seleção brasileira que se classificaria para ganhar o mundial do México era praticamente o time santista.

Talvez tenha sido a primeira pesquisa do gênero feita por aqui, e o resultado é inquestionável. O Santos ficou em primeiro lugar, com 49%, seguido de longe por Flamengo (menos da metade), Corinthians (ainda mais distante) e um grupo composto por São Paulo, Vasco, Palmeiras, etc. Do segundo para baixo, todos somados não alcançaram a votação do Peixe. Uma vantagem tão grande, que o insuspeito jornal foi levado a admitir: o Santos é o time mais popular do Brasil!

Há uns três anos, a sondagem foi tema de um programa esportivo, produzido e apresentado no Rio de Janeiro, por canal de TV do mesmo grupo. Mesmo assim, os dois comentaristas cariocas da mesa tentaram relativizar. A pesquisa não perguntou pra que time os brasileiros torciam, alegaram. Quis simplesmente saber de que time os brasileiros mais gostavam. Papo furado. A grande “torcida” que o Flamengo sempre teve no Norte-Nordeste é formada por torcedores de times locais, que também simpatizam com o clube que revelou Toró. E o time da Gávea, antes, durante e depois, foi sempre considerado o mais popular do Brasil.

Coisa pior, entretanto, estava por vir. E veio. Foi quando o apresentador mostrou uma escalação do Santos daqueles anos e perguntou: dá pra cravar que esse foi o melhor time brasileiro de futebol? A resposta óbvia é: “Não, imbecil, esse não foi o melhor time brasileiro. Esse é o melhor time de todos os tempos no mundo!

Mas, como esqueci de dizer, os outros integrantes da mesa eram botafoguenses, e ambos foram rápidos: Não, não dá para cravar o Santos como melhor time brasileiro, disseram. “Jogador por jogador…”, começou um. “O Santos conquistou mais títulos, é verdade…”, emendou o outro. “Mas o Botafogo teve Garrincha, Didi, Nílton Santos…”, concordaram ambos, chegando afinal ao ponto. O que eles queriam era nivelar o Peixe ao seu grande freguês.

Então, combinaram, ganhar mais títulos não seria critério para se medir superioridade, ainda que o Santos tenha conquistado todos os títulos e nada tivesse deixado para o suposto rival. E ainda que quase todos tenham decorrido de surras aplicadas justo nesse adversário. É muita cara de pau!

No quesito escalação, no qual os botafoguenses se consideram em vantagem, a comparação é ainda mais risível, e cruel. O Santos anos 1960 teria Gilmar, Carlos Alberto, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito (Clodoaldo) e Mengálvio; Dorval, Coutinho (Toninho), Pelé e Pepe (Edu). Com exceção de Dalmo, todos campeões com a seleção, e todos, Dalmo incluído, detentores de títulos mundiais. Todos mais vitoriosos do que o mais vitorioso botafoguense.

Pelé e o milésimo: outra festa santista no Maracanã

A visão regional produz cada ideia! Talvez quisessem estabelecer a seguinte maluquice: o Santos foi o melhor time do mundo, mas na mesma época o Botafogo foi o melhor time do Brasil. Interessante! O problema é que o Botafogo, naquele tempo e em nenhum outro, sequer foi o segundo melhor por aqui. Já então, o Palmeiras tinha mais time e ganhava mais títulos do que o time carioca, que, como diz seu hino, é campeão de 1910.

Botafogo, para mim, sempre foi sinônimo de alegria. Desde a primeira vez em que vi os dois em confronto direto na Vila. Rio-São Paulo de 1957. O Santos de Álvaro, Tite, Dorval, Pagão e Del Vecchio enfiou 5 a 1 no time de Nílton Santos, Didi, Garrincha, Paulo Valentim e Quarentinha. Pelé também jogou, mas tinha só 16 anos e nem precisou marcar.

Publicado por

Marcão

Jornalista aposentado, casado, duas filhas, um neto, dois poodles e nove irmãos. Santista de mãe, pai, cidade, time e o que mais bem qualifique essa condição. Sem vaidade, só verdade!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *