Vi um vídeo, hoje, em que um senhor português não identificado afirma que não se pode “ilibar” a China pela proliferação da covid-19. O que me encantou foi o uso do verbo. Estamos tão habituados a ouvir/ler chavões e lugares comuns, que muitas vezes nem damos atenção ao sentido das palavras. “Reputação ilibada” passa tão batido que o atestado perde valor.
Mas foi a partir desse “ilibar” que me liguei no que disse o conterrâneo. Segundo ele, antes de a China parar de tentar calar os médicos que alertavam para a gravidade da epidemia e, afinal, determinar o bloqueio, cerca de sete milhões de chineses fugiram da região de Wurhan, em que o vírus surgiu. Teriam ido para vários lugares, e assim o coronavírus “pandemizou” (ops!).
É apenas uma opinião, corroborada por cientistas de outras partes do mundo, mas que não é aceita, por exemplo, pela OMS, que se omitiu gravemente no início da crise. É tema para estudos e estudos, livros e livros, décadas e décadas pela frente, e ainda assim não se chegará a um consenso. O vírus nasceu num mercado popular de comida na China ou foi criado em laboratório, nos Estados Unidos ou em qualquer outra parte? Não estou habilitado a responder.
De tudo isso, porém, resta uma certeza. Não foi um brasileiro o criador desse mal, por mais que os oportunistas, resistentes e suspiradores do golpe queiram que tenha sido. Já temos suficientes proezas fantásticas, boas e más. A grande mídia não precisa criar outras lendas. Viu, Estadão?