DE ARAKEN A NEYMAR, SEMPRE O MELHOR

Há oito anos, na quinta-feira, 19 de abril de 2012, desci a Serra bem cedo, mas não foi só para ver o Peixe na Vila. Fui passar o dia perto do mar, lembrando do pai que me legou a paixão pelo Santos e que estaria fazendo 101 anos. Serão 119 em duas semanas. Acho até que o vi pular uma onda, feliz ao lado da Dolores e da filharada

Para mim, o Santos é o melhor do mundo desde a metade dos anos 1950, quando passei a ver com meus próprios olhos de garoto do Marapé, na Grande Vila Belmiro, o que o time de branco era capaz de fazer com a bola e com os adversários. Mas também sei que o Santos é o melhor desde muito antes, porque meu pai falou que era, ele que viu jogar os lendários times de Arakén, Feitiço, Athié e Antoninho Fernandes. Ele garantia que já naquelas épocas nada havia de parecido no mundo do futebol – e o velho Fonseca nunca mentiu.

Não sei se todos sabem, mas nós somos Peixe desde antes do Peixe, porque o mais Fonseca de todos nós veio ao mundo exato um ano antes do time, em abril de 1911, na mesma cidade de Brás Cubas e de Nossa Senhora do Monte Serrat. É bastante provável que antes do fim daquela década o Fonsequinha – como mais tarde ficou conhecido da Vila Mathias à Ponta da Praia, da Praça dos Andradas ao José Menino – botasse banca com os feitos santistas. Colocou, por exemplo, três atletas, incluindo o capitão Arnaldo Silveira, na seleção que conqauistou a Copa Roca de 1914 e do Sul-Americano de 1919.

Pois, é! Meu pai dizia que o Santos foi formidável também nesses primórdios e só não conquistou os títulos que viriam aos montes na segunda metade do centenário porque era invariavelmente prejudicado pela arbitragem. Já naquela época, os donos do futebol, os times da capital e seus empertigados torcedores, sofriam por ter de engolir a supremacia forasteira. Ainda mais vinda de um lugar que ousava concorrer com a metrópole em relevância política e cultural, sem falar nas praias inexistentes no alto da Serra e na desenvoltura da gente santista. O Santos era o máximo e a cidade, também.

Mas essa é só a primeira parte da mais bela história escrita dentro de um campo de futebol. A primeira e a menos conhecida. A segunda parte, que tive a felicidade de acompanhar e que continua enchendo de felicidade os corações alvinegros, dispensa relatos e adjetivos. Está fartamente documentada e, no conjunto da obra, é comemorada onde quer que haja um amante da arte da bola. Onde quer que estejam os craques de ontem e de hoje. Onde quer que pulse um sentimento praiano e vibre uma alma fonseca.

Publicado por

Marcão

Jornalista aposentado, casado, duas filhas, um neto, dois poodles e nove irmãos. Santista de mãe, pai, cidade, time e o que mais bem qualifique essa condição. Sem vaidade, só verdade!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *