O claro mês das garças forasteiras

Quando eu nasci, raiava
O claro mês das garças forasteiras;
Abril, sorrindo em flor pelos outeiros,
Nadando em luz na oscilação das ondas,
Desenrolava a primavera de ouro:
E as leves garças, como folhas soltas
Num leve sopro de aura dispersadas,
Vinham do azul do céu turbilhonando
Pousar o vôo à tona das espumas…

Em Palavras ao mar, Vicente de Carvalho canta o mês de abril, das garças forasteiras. O mês que também é do meu pai, o Bom Fonseca, 1911, dia 19. Ambos santistas, o poeta num 5 de abril de 1866. Ainda menino escreveu seus primeiros poemas e aos 16 anos, com uma licença especial, entrou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, para concluir o curso aos 20, em 1886.

Vicente de Carvalho participou das campanhas abolicionista e republicana. Atuou na advocacia, na política, no jornalismo e nos negócios. Colaborou com os jornais O Estado de S. Paulo e A Tribuna. Em 1889, fundou o Diário da Manhã e, mais tarde, O Jornal, ambos em Santos. Publicou em 1902 Rosa, rosa de amor, livro que o tornou conhecido como o poeta do mar.

Em Poemas e canções, surgem os temas sociais, como a escravidão (Fugindo ao cativeiro) e a miséria (A voz do sino). Vicente de Carvalho morreu em Santos, no dia 22 de abril de 1924. Chegou e partiu na “primavera de ouro”, como preferiu falar dos seus outonos.

Publicado por

Marcão

Jornalista aposentado, casado, duas filhas, um neto, dois poodles e nove irmãos. Santista de mãe, pai, cidade, time e o que mais bem qualifique essa condição. Sem vaidade, só verdade!

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