O rei do futebol

A estação da Sorocabana, que trouxe Dolores, e o time de Athié

O bom, meu filho, seria todos virem a este mundo no lugar em que serão felizes e tendo o time certo para torcer. Eu recebi as duas bênçãos. Nasci na beira do mar, na cidade que Braz Cubas fundou para fazer a felicidade de seus filhos, e o meu time chegou no momento exato, quando eu estava por completar um ano de idade.

Dois Santos. A cidade e o time.

Meu time foi fundado na noite de 14 de abril de 1912, ano da quinta Olimpíada da era moderna, que Estocolmo realizaria entre junho e julho. E eu nasci um ano menos cinco dias antes, no claro mês das garças forasteiras, das Palavras ao mar de Vicente de Carvalho. Ainda assim, desde que abri os olhos, apressado, já era duplamente santista.

De time e cidade.

Tão santista quanto eu, só a bela por quem me apaixonei anos depois em Eldorado Paulista, então Xiririca. Aquela que trouxe para Santos e com quem me casei e fiz família. No meu coração, tenha certeza, o Peixe já existia quando nasci antes dele. E aos pés firmes da Dolores, jamais outro solo assentou-se com tal naturalidade como o destes lugares esplêndidos entre a serra e o mar – sem dúvida, a única e definitiva pátria da minha Bela. Nada faltou para ser feliz.

Uma cidade, um time, a amada.

Para vocês, você e seus nove irmãos, livres de insignificantes incompatibilidades (cronológicas, geográficas), foi fácil assumir a dupla identidade. Nasceram na cidade abençoada e – de Arnaldo Silveira a Zito, de Urbano a Athié, do Largo da Concórdia à Vila sagrada – tiveram desde sempre o melhor time para torcer.

Publicado por

Marcão

Jornalista aposentado, casado, duas filhas, um neto, dois poodles e nove irmãos. Santista de mãe, pai, cidade, time e o que mais bem qualifique essa condição. Sem vaidade, só verdade!

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