Um título mundial com a paradinha que o Rei imitou

Dalmo, o terceiro em pé, a partir da esquerda: no time de 1962

 O chute com o pé direito saiu rasteiro, baixo, seco. Nem forte nem fraco. O suficiente para tornar inútil o salto do goleiro milanês. Balzarini não se iludiu com a paradinha e foi para o lado certo, mas não conseguiu evitar o gol.

Seis anos depois, quase no mesmo dia, no mesmo estádio, na mesma meta. O mesmo time de branco, outro adversário, outros protagonistas. A cena é quase um replay, com diferenças em detalhes. Desfecho igual, bola na rede, mas o goleiro quase impediu o sucesso do batedor.

Dizem que Dalmo Gaspar ensinou Pelé a usar a paradinha na cobrança de penalidades máximas. Se é verdade, não foi mera coincidência a semelhança entre os dois gols históricos, no Maracanã.

O segundo desses gols, na noite de 19 de novembro de 1969, contra o Vasco da Gama, foi o milésimo do Rei. O primeiro foi o momento mágico vivido por Dalmo, em 16 de novembro de 1963, e deu o bicampeonato mundial ao Santos.

O lateral esquerdo era um dos nomes menos ilustres de um time que, no terceiro jogo da decisão contra o Milan, desfalcado de Calvet, Zito e Pelé, tinha Gilmar, Ismael, Mauro, Haroldo, Dalmo, Lima, Mengálvio, Dorval, Coutinho, Almir e Pepe. Mas o gol solitário e decisivo foi dele.

Considerado um dos jogadores mais regulares, foi titular nos melhores times santistas da época. Mas, diferente dos companheiros, quase não foi lembrado para as seleções nacionais. Mesmo assim, acumulou uma invejável coleção de títulos, entre 1957 e 1964, período em que permaneceu na Vila.

Além das duas Libertadores da América e dos dois Mundiais Interclubes (1962-1963), foi cinco vezes campeão paulista e quatro vezes campeão brasileiro. Conquistou nove torneios internacionais, entre a Europa e as Américas.

Dalmo nasceu (19 de outubro de 1932) e morreu (2 de fevereiro de 2015) em Jundiaí. Nunca esqueceu o Santos, como mostrou em versos.

Pensar em ti é o que eu faço de bom na vida!

E sentir saudades é o que me resta de bom!

Quem não gostava do seu futebol criativo e brasileiro!

Das belezas das suas jogadas e dos gols tão ligeiros!

A saudade dói em meu peito,

Se para outros não dói, não sei!

Só sei que não verei mais as vitórias que guardei!

Santos FC. Sem você jamais seria o que fui!

Publicado por

Marcão

Jornalista aposentado, casado, duas filhas, um neto, dois poodles e nove irmãos. Santista de mãe, pai, cidade, time e o que mais bem qualifique essa condição. Sem vaidade, só verdade!

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