O assalto

– Passa a carteira aí, coroa!
Não saio com dinheiro assim tão cedo, garoto.
Coisa de velho esquecido.
Às vezes até preciso de algum para comprar pão.
Mas estou sem. Sabe como é…

– Chega de papo e passa o celular!
Também não trouxe.
Mas você não ia querer, porque é dos antigos.
Só serve pra falar com as minhas filhas, quando consigo.
Estava pensando em comprar um novo, para tirar retrato do neto…

– Porra, velho, nem tênis você usa. Não tem nada pra mim?
Se quiser, pode ficar com os cachorrinhos.
Eu gosto muito deles, mas estão dando uma despesa danada.
É veterinário, banho no pet shop, ração…
Você sabe quanto custa o saco de sete quilos da ração que eles gostam?
Mais de 100 contos. A vida está pela hora da morte!

Ué, cadê o moleque que estava aqui? Sumiu! Também, quem manda eu ficar matracando mais do que a preta do leite? Ele se chateou e nem se despediu. Melhor voltar pra casa, que vem chuva por aí!

Vamos, Nina! Vamos, Chico!

Publicado por

Marcão

Jornalista aposentado, casado, duas filhas, um neto, dois poodles e nove irmãos. Santista de mãe, pai, cidade, time e o que mais bem qualifique essa condição. Sem vaidade, só verdade!

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