É demitir ou cair

Neste sábado, dia do aniversário do Rei, estive na Vila vendo o Santos x América-MG e lembrei-me de uma noite no final dos anos 1990, no antigo Palestra Itália, onde jogavam Santos e Vitória-BA, pelo brasileirão. Lá, como na Vila, minha posição nas cadeiras do estádio do Palmeiras permitia acompanhar a movimentação no banco santista. Foi quando percebi algo estranho.

Após um ataque frustrado do Peixe, o ponta Alessandro, nosso melhor atacante, olhou para o banco e recebeu um sinal do técnico Vanderlei Luxemburgo. Imediatamente, caiu no chão, simulando contusão, e foi substituído. Nunca mais vestiu a camisa santista e foi jogar no Japão.

Anos depois, Luxemburgo repetiu a dose com o zagueiro Alex, ídolo da torcida. Já vendido para um time holandês, o jogador permaneceu mais alguns meses no Santos, mas nem banco pegou, por alegada falta de condições físicas. O técnico não admitia escalar jogador já vendido. Não sou fã de Luxemburgo, mas das malandragens do futebol admito que ele sabe tudo.

Carille fez o contrário. No fim do primeiro tempo, substituiu o machucado Camacho pelo meia Jean Motta, jogador negociado com um time norte-americano. Faltava um minuto para o intervalo, mas foi tempo suficiente para Motta fazer a lambança que derrotou o Santos. Num contra-ataque, perdeu na corrida, derrubou o atacante, cometeu pênalti e foi expulso de campo.

O gol mineiro encerrou a etapa inicial do jogo. No reinício, o goleiro santista entregou o segundo gol para o América. João Paulo não era para estar lá. No jogo anterior foi substituído com larga vantagem pelo reserva Jeandrei. Mas o treinador de novo decidiu errado, assim como fez ao prestigiar Pará. Antes, por falta de opção, ele tinha colocado um atacante medíocre na posição.

Deu nos nervos acompanhar a desorientação do técnico até o fim do jogo. Perdido, ele não sabia o que fazer. Chegou a deslocar o péssimo Felipe Johnatan para a meia, entre outras inúteis tentativas de modificar o destino do jogo.

Na saída, levou nas costas o mais vergonhoso desempenho de um técnico recente no comando do time: em nove jogos, uma única vitória, com quatro empates e outras quatro derrotas. E o time que no comando anterior aproximou-se da classificação para a Libertadores, caiu para a zona do rebaixamento.

Não costumo apoiar o afastamento de treinador antes do fim do contrato. Mas tantos erros como os de sábado e a sequência de maus resultados colecionados por Carille deixam a diretoria sem opção. A situação é crítica e algo radical o clube precisa fazer para evitar a tragédia do rebaixamento.

 

 

 

Publicado por

Marcão

Jornalista aposentado, casado, duas filhas, um neto, dois poodles e nove irmãos. Santista de mãe, pai, cidade, time e o que mais bem qualifique essa condição. Sem vaidade, só verdade!

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