Meses atrás, um funcionário público, professor de universidade paulista, pago com o nosso dinheiro, escreveu no jornal em que mantém coluna desejar a morte do presidente da República. Não foi força de expressão. Ele usou todo o seu precário talento de redator (costumo dizer que nossos mestres das humanas escrevem pior do que pensam) para deixar claro que deseja mesmo a morte física de Bolsonaro. Já corriam soltos os nebulosos inquéritos do inacreditável Xandão do stf, ou do pcc, mas nada aconteceu com o professor.
Nesse meio tempo, um deputado federal foi preso por expressar opiniões fortes, embora sem condenar ninguém à morte e respaldado por suas imunidades constitucionais. E pelo menos dois jornalistas foram colocados atrás das grades pelo “crime” de exercer a profissão num país em que supostamente há liberdade de imprensa. Quem mandou prender foi o mesmo Xandão, aquele que ficou paralisado ante a retórica do valente professor pago pelo nosso bolso.
Semanas depois, outro colunista do mesmo jornal defendeu um golpe de estado, contra o presidente legitimamente eleito. Na verdade, o sujeito pregou algo ainda mais tenebroso, ao usar como modelo um fato histórico da segunda guerra mundial conhecido como Operação Valquíria. No episódio, um grupo de oficiais do Terceiro Reich preparou atentado contra a vida de Adolf Hitler. Fracassou.
Na versão brasileira imaginada pelo militante do núcleo resistente do jornal que colaborou com o golpe militar dos idos de 1964, oficiais das Forças Armadas deveriam matar o presidente e aplicar o golpe de Estado. De novo, Xandão achou normal a exortação do colunista. Neste caso talvez por conhecer a história da maior barriga (atual fake news) publicada na mídia impressa brasileira, cujo autor foi exatamente o atual conspirador das pretinhas.
A história é a seguinte. Às vésperas da Copa de 2014, o valoroso repórter entrevistou um sósia do técnico da seleção brasileira e publicou matéria no jornal como se tivesse falado com Felipão. Um vexame inacreditável para um veterano das redações. Por isso, Xandão pode ter considerado o colunista inimputável.
Tratamento diferente foi dado ao presidente nacional de um de nossos partidos políticos e a um ídolo da música sertaneja, estes alinhados entre os que defendem o respeito à Constituição. Não surpreende, pois Xandão das candongas e a maioria de seus cúmplices de toga sentem-se investidos da missão de derrubar um presidente eleito pela vontade dos brasileiros. Para isso, dane-se a Constituição. Eles não têm um voto, não conseguiram passar em concurso para juiz, mas acham que podem afrontar a nação.
Apoiada pela banda mais corrupta do Congresso, pelos negaceios da cpi malandra e pela mídia que abdicou de praticar jornalismo de verdade para dedicar-se à militância partidária, nossa desqualificada corte vai brincando de cometer arbitrariedades, de pisotear as leis e de ensaiar o golpe que, insanamente sonham, levará à ditadura para a qual trabalham sem descanso.
No fim do primeiro tempo, parecem ganhar de goleada.
Aguardemos, porém, o fim do jogo.