Abril do nosso orgulho santista

Quando eu nasci, raiava
O claro mês das garças forasteiras;
Abril, sorrindo em flor pelos outeiros,
 
Nadando em luz na oscilação das ondas…
Vicente de Carvalho

Este é o mês do Peixe, o mês do Bom Fonseca e, como diz o poeta Vicente de Carvalho nas Palavras ao mar, o mês das garças forasteiras. O mês em que o outono se mostra em todo o seu esplendor, neste hemisfério sul, e em que a primavera reanima os lugares de inverno mais rigoroso, ao norte. Aqui e lá, a preparação das mudanças climáticas: do verão para o inverno, e vice-versa.

O velho chegou à praia no dia 19, em 1911, doze meses antes de o time abençoado começar a bater bola, em 14 de abril do ano seguinte. Quando se deu conta, lá pro início da década seguinte, o menino já era torcedor fanático do time de Arnaldo Silveira, Adolpho Millon e Haroldo Pires Domingues, os três primeiros santistas que ajudaram a seleção a conquistar títulos, entre 1914 (Copa Rocca, contra a Argentina) e 1919 (Sul-Americano, disputado no estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro).

Arnaldo, ponta esquerda, foi titular e capitão dessas seleções e vestiu a camisa brasileira em 14 jogos oficiais, os 14 primeiros da história do escrete. Millon, ponta direita, também foi titular nas duas primeiras conquistas, e Haroldo disputou o sul-americano de 1919, como meia direita. No total, fez quatro jogos pela seleção e marcou quatro gols. Era praticamente o ataque do Santos que, sete anos depois da fundação, cedia o maior número de jogadores para a seleção.

No ano seguinte, outros dois santistas disputaram um sul-americano: Castelhano e Constantino. No fim daquela década, Feitiço e Araken também representaram o Peixe na seleção.

O jovem Fonseca tinha motivos de sobra para se orgulhar do time da sua cidade, cuja vocação ofensiva se delineou desde o início. Na primeira década, com os três atacantes da seleção campeão sul-americana, e, na segunda, com o mitológico ataque dos 100 gols, de 1927. Só não tinha títulos para comemorar, porque os juízes nos garfavam sem cerimônia, inclusive no ano do centenário de gols.

 

Publicado por

Marcão

Jornalista aposentado, casado, duas filhas, um neto, dois poodles e nove irmãos. Santista de mãe, pai, cidade, time e o que mais bem qualifique essa condição. Sem vaidade, só verdade!

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