Santos, 1950-1960 – Parte III

Para mim, o Santos é o melhor do mundo desde os anos 1950, quando eu via com meus próprios olhos de garoto do Marapé, na Grande Vila Belmiro, o que o time de branco era capaz de fazer com a bola e com os adversários. Mas também sei que o Santos é o melhor desde muito antes, porque meu pai falou que era, ele que viu jogar os lendários times de Arnaldo, Araquém, Feitiço, Athié e Antoninho Fernandes. Ele garantia que já naqueles tempos nada havia de parecido no mundo do futebol – e o velho Fonseca nunca mentiu.

Não sei se todos sabem, mas nós Fonsecas somos Peixe desde antes do Peixe, porque o mais Fonseca de todos nós veio ao mundo um ano antes do time, em abril de 1911, na mesma cidade de Brás Cubas, de Nossa Senhora do Monte Serrat e do meu amigo Manente. E é bem provável que antes do fim daquela década o Fonsequinha – como ficou conhecido da Vila Mathias à Ponta da Praia, da Praça dos Andradas ao José Menino – botasse banca com os feitos santistas. Feitos como ceder três atletas, incluindo o capitão Arnaldo Silveira, às primeiras seleções brasileiras, na Copa Roca de 1914 e no Sul-Americano de 1919.

Pois, é! Meu pai dizia, quando nos levava e deixava na Vila, nos anos 1950, que o Santos foi formidável desde o início, e só não ganhou os títulos que viriam aos montes na segunda metade do centenário porque era invariavelmente prejudicado pela arbitragem. Já naquela época era muito duro para os donos do futebol, os times da capital e seus empertigados torcedores, engolir a supremacia forasteira. Ainda mais vinda de um lugar que ousava concorrer com a metrópole em relevância política e cultural, sem falar na beleza das praias e na desenvoltura da gente santista. O Santos era o máximo e a cidade, também.

Mas essa é só a primeira parte da mais bela história escrita dentro de um campo de futebol. A primeira e a menos conhecida. A segunda parte, que tive a felicidade de acompanhar e que continua enchendo de felicidade os corações alvinegros, dispensa relatos e adjetivos. Está fartamente documentada e, no conjunto da obra, é comemorada onde quer que haja um amante da arte da bola. Onde quer que estejam os craques de ontem e de hoje. Onde quer que pulse um sentimento praiano e vibre uma alma Fonseca.

 

 

 

 

Publicado por

Marcão

Jornalista aposentado, casado, duas filhas, um neto, dois poodles e nove irmãos. Santista de mãe, pai, cidade, time e o que mais bem qualifique essa condição. Sem vaidade, só verdade!

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