Domingo à noite, voltei pra casa em São Paulo feliz com a vitória do Peixe sobre o Grêmio, na Vila, a qual sofri e comemorei in loco, o lado de minha filha Mariana. Pressentia a continuação do feriadão gostoso, até ficar sabendo da mentira lançada pelo grupo falha, que começava a crescer nas rodas eletrônicas da esquerda, àquela altura ampliada pela cumplicidade dos demais veículos da velha mídia. O presidente, segundo a mentira espalhada, tentou entrar no estádio para ver o jogo e foi barrado pela diretoria santista por não ter tomado a vacina.
O “fato” imediatamente transformou o Santos no time queridinho de todas as torcidas. Uma espécie de Renan Calheiros da política corrupta, o mais novo heroi dos adeptos da volta do quadrilhão ao poder. Ao receber a “informação”, logo identifiquei mais uma narrativa falsa, tão comum nestes tempos de jornalismo militante. Não votei e não pretendo votar em Bolsonaro, mesmo que não haja opção melhor do outro lado. Mas invencionice tão porca me tirou do sério.
Senti-me como o telespectador que a Globo tenta fazer de idiota todo dia com a sordidez de sua campanha eleitoral. Eu acabara de voltar da Vila e não percebi no entorno do estádio qualquer movimentação que prenunciasse a presença do presidente. Pelo contrário, o local estava mais calmo do que de hábito, justamente por causa da pandemia e o meu portão de acesso era justamente o que supostamente Bolsonaro usaria, caso comparecesse de fato ao jogo.
Como, então, o presidente teria sido barrado pela diretoria do Santos? O que reforça o tom farsesco da narrativa é que a tal exigência de vacinação não partiu do clube, e o protocolo abria brechas para outras formas de comprovação (mais eficazes) da ausência de covid. Lembrei imediatamente da pizza na calçada de Nova York outra vergonha da nossa vergonhosa mídia.
Há dois anos, no primeiro do seu governo, o presidente foi assistir a um jogo em Urbano Caldeira, naquela tarde lotado. A movimentação pela anunciada presença de Bolsonaro era visível. Falava-se que as torcidas organizadas santistas lhe dariam uma recepção hostil, mas não foi o que aconteceu. Com exceção de um grupo da Torcida Jovem, o público ovacionou o presidente, que se instalou no camarote principal, ao lado dos dirigentes do clube pouco antes do início do jogo. No intervalo, ele desceu e fez o corpo a corpo com os associados das cativas e das cadeiras especiais, bem no estilo que vem mantendo em todas as ocasiões.
Domingo, o que me irritou não foi o surgimento de mais uma mentira produzida e reproduzida pela velha mídia, porque o comportamento indecente dessa imprensa não mais surpreende. Virou mau hábito. Do que não gostei foi ver meu time indevidamente envolvido na sordidez dessa disputa nojenta, quando só o que quero é curtir as alegrias que o Peixe me proporciona em campo.