Outubro, 17

Hoje esqueço o boné
Com que me cubro
Pois é outubro
E o verão se insinua
No céu, na rua.
No ar, até!
 
Apogeu vermelho das pitangas!
 
Outubro do sangue
Rubro, remoto na neve,
Que aqui não ferve.
E lá abunda.
Revés do nosso sol
De alma branda.
 
Revolta amável destas tangas!
 
De novo outubro.
E se a cabeça descubro,
Quisera liberar igual
Os pés das vestes,
Pisar sem dor o mal,
Subir mil everestes!
 
São Paulo, 17/10/2017